Laranja: entenda por que preço pago pela indústria no mercado brasileiro caiu em novembro
Preço da laranja pago pela indústria caiu em novembro, aponta Cepea da Esalq-USP em Piracicaba Claudia Assencio/g1 Os preços da laranja pagos pelas indústri...
Preço da laranja pago pela indústria caiu em novembro, aponta Cepea da Esalq-USP em Piracicaba Claudia Assencio/g1 Os preços da laranja pagos pelas indústrias no mercado brasileiro caíram no início de novembro. A análise é do Centro de Estudos Avançados em Economia Aplicada (Cepea/Esalq) do campus da USP em Piracicaba (SP), divulgada em análise mais recente sobre as cotações do setor. As exportações do suco da fruta também recuaram. Veja na análise, abaixo, na reportagem. A caixa de 40,8 quilos de laranja, que vinha sendo negociada em torno R$ 50, foi ajustada para patamares próximos de R$ 45, na árvore, na primeira semana de novembro. "A pressão vem da demanda externa mais lenta, associada à maior oferta de fruta para processamento", observa pesquisadores do Cepea. Exportações Entre julho e outubro de 202, as exportações brasileiras de suco de laranja totalizaram 283,2 mil toneladas em equivalente concentrado. O volume representa redução de 7,1% sobre o mesmo intervalo da temporada anterior. As exportações brasileiras de suco de laranja, entre julho e setembro de 2025, tiveram desempenho menor do que o observado na parcial da safra deste ano quando comparado à temporada anterior. A receita com os embarques do produto recuou cerca de R$ 15%. Suco de laranja tem menor volume exportado na safra 24/25, mas atinge receita recorde Jornal Nacional/ Reprodução O início da safra, por outro lado, é marcado por novo panorama dos países destinos. Os Estados Unidos e a Europa mantiveram, neste ano, o mesmo volume comprado, aponta o Cepea. "Pela primeira vez em vários anos, os embarques aos Estados Unidos e à União Europeia se igualaram, com aproximadamente 48% de participação cada em volume", analisa o Cepea. Veja detalhes, abaixo: 📉De acordo com dados da Comex Stat, o volume de suco embarcado totalizou 199,7 mil toneladas em equivalente concentrado, queda de 4% frente a igual intervalo do ano anterior, e a receita recuou 15%, para US$ 751,3 milhões. "A retração no montante recebido por exportadores reflete o enfraquecimento dos preços internacionais, diante da ampliação da oferta global e do comportamento mais cauteloso de compradores, sobretudo os europeus", afirma o Cepea. Suco sem tarifaço Ainda segundo estudos dos pesquisadores do setor de hortifrúti do Cepea, a isenção da sobretaxa de 40% manteve os embarques aos Estados Unidos. Mas, os produtos derivados, óleos e farelo, seguem penalizados pela alíquota de 50%. Diante desse contraste, os pesquisadores do Cepea ressalta a importância de acordos bilaterais que garantam competitividade. "Apenas o suco de laranja, mas não seus subprodutos, foi isento da sobretaxa de 40%, permanecendo sujeito à tarifa de 10% acrescida da taxa fixa de US$ 415 a tonelada", detalharam os pesquisadores do Cepea em boletim de agosto. "Entre resiliência e prudência, o setor exportador entra em nova fase: menos euforia, mais estratégia. O futuro dependerá da inovação e da conquista de mercados em um ambiente de margens estreitas", completam. Mudança nos destinos O destaque do início da safra, indicam pesquisadores do Cepea, foi a mudança na composição dos destinos. "O avanço de 13% nas vendas ao mercado norte-americano, mesmo com a manutenção da tarifa residual de 10%, evidencia a elevada dependência dos Estados Unidos do suco brasileiro", indica o Cepea. "Já a União Europeia, tradicional principal destino, mostrou retração de 8%, influenciada pela redução da demanda após os altos preços e problemas de qualidade observados na safra anterior", completa. "Estamos casados com os EUA e eles com a gente", diz diretor da CitrusBR após suco de laranja escapar do tarifaço Safra anterior O volume de suco de laranja exportado pelo Brasil na safra 2024/25, que se encerrou em junho deste ano, foi o menor em quase 30 anos, mas a receita com os embarques foi recorde. O futuro do setor de citrus, no entanto, segue incerto. Agentes do mercado nacional já demonstravam incerteza quando o novo tarifaço foi anunciado pelo Presidente Donald Trump. - Entenda mais, abaixo. Na comparação com a safra anterior, a receita cresceu 28,4%, totalizando US$ 3,48 bilhões, conforme estudo do Cepea no início de julho deste ano. Oferta restrita: apesar do cenário de incerteza quanto à recuperação plena do consumo externo de suco e de uma safra 'turbulenta', nas palavras dos pesquisadores da Escola Superior de Agricultura "Luiz de Queiroz" (Esalq-USP), o impacto da elevação de 10% nas tarifas foi minimizado pela oferta restrita do Brasil, que sustentou os embarques. Carta de Trump ao Brasil tem a tarifa mais alta 📲 Participe do canal do WhatsApp do g1 Piracicaba Agentes do setor de citricultura, consultados pelo Cepea, demonstraram receio de que demanda internacional não se restabeleça completamente. "Ora devido à estagnação do consumo, ora pelos efeitos ainda indefinidos dos aumentos tarifários implementados pelo governo Trump sobre produtos brasileiros", analisam. "No entanto, permanece incerta a magnitude dos efeitos de um possível aumento tarifário para patamares de até 50% sobre o suco de laranja, especialmente diante da perspectiva de maior produção nacional nas próximas temporadas", destacam. Assim, ainda conforme o Centro de Pesquisas, o acúmulo de divisas oriundas das exportações na temporada 2024/25 foi extremamente favorável, permitindo ao setor uma capitalização importante frente aos desafios futuros. 📃Leia mais Calor e greening impactam safra da laranja e preço da fruta alcança maior patamar em 30 anos em São Paulo, aponta estudo da USP O que é o greening O greening é uma bactéria considerada a mais destrutiva da citricultura mundial. Os sintomas dela podem ser observados nas folhas de pés de laranja, por exemplo, que apresentam um aspecto amarelado, e nas flores, que ficam secas e murchas. A bactéria afeta a saúde da planta e a produção de frutos. "A doença é transmitida por um inseto vetor, pelo psilídeo, e é justamente nessa região de Limeira, Avaré e Bebedouro, esse 'miolo' do estado de São Paulo, onde são capturadas as maiores populações de inseto. Consequentemente a gente tem as maiores taxas de transmissão", explica Guilherme Rodriguez, supervisor de projetos do Fundecitrus, em entrevista à EPTV em setembro de 2024. Greening aumenta nas laranjeiras da região de Limeira e contribui para alta de preços Veja mais notícias sobre a região no g1 Piracicaba