Após decisão judicial, idosa com indícios de queda em hospital de Jaguariúna é transferida para instituição privada
Mulher de 81 anos recebe alta e vai para casa de repouso em Campinas Tatiana Rolim A idosa de 81 anos que teve uma piora no quadro de saúde após indícios de ...
Mulher de 81 anos recebe alta e vai para casa de repouso em Campinas Tatiana Rolim A idosa de 81 anos que teve uma piora no quadro de saúde após indícios de queda na UTI do hospital municipal de Jaguariúna (SP) foi transferida para uma instituição de longa permanência privada, depois de receber alta nesta quarta-feira (12). A transferência foi determinada por uma decisão da 1ª Vara de Jaguariúna, que condenou a administração municipal a custear o tratamento após o acidente hospitalar, diante da necessidade de cuidados de alta complexidade. Segundo Tatiana Rolim, filha e curadora da mulher, a mãe "foi muito bem recebida e neurologicamente saiu do quadro vegetativo, mas segue precisando de muitos cuidados". ✅ Clique aqui para seguir o canal do g1 Campinas no WhatsApp Documentos anexados ao processo apontaram lesões compatíveis com traumatismo craniano, e o laudo classificou a paciente com grau de dependência 3, condição que exige cuidados integrais e contínuos. Na decisão, a juíza Roseli José Fernandes Coutinho também acatou o pedido de tutela de urgência para nomeação da filha como curadora. A sentença ocorreu no último dia 29 de outubro. "Ela tinha vida própria, morava sozinha, era ativa, cuidava de si. Hoje, por um erro, usa fraldas, precisa de pessoas para vestir, se limpar, uma perda muito grande", enfatiza Alexander Ribeiro, advogado que representa a família. Na época, a prefeitura afirmou, em nota, que "não houve tempo hábil para que o município tenha sido oficialmente citado/intimado", e destacou que a organização social que administra o hospital instaurou uma sindicância interna para apurar o caso — leia mais abaixo. Alta complexidade A paciente estava internada no HC da Unicamp, onde foram constatados, segundo documentos anexados a ação, lesões compatíveis com traumatismo craniano, que deixaram a idosa em estado de consciência alterada, dependente de sonda alimentar, oxigenoterapia e cuidados intensos. Os documentos foram citados pela magistrada em sua decisão, que destacou que eles "indicam fortíssimos indícios de falha grave no dever de guarda e vigilância do Hospital Municipal – já que a idosa deu entrada no hospital para tratar pneumopatia e, aparentemente por um evento adverso traumático (queda) ocorrida em entidade sob a guarda do réu, tornou-se totalmente dependente, sendo certo que a internação foi realizada em hospital custeado pelo réu". A Justiça determinou o acolhimento em uma instituição de longa permanência de idosos na cidade sob pena de multa diária de R$ 500,00, limitada a R$ 20 mil. Justiça obriga Jaguariúna a custear internação de idosa em clínica privada O g1 apurou que o custo mensal previsto para os cuidados da idosa na instituição indicada é de R$ 7,9 mil, e inclui a totalidade dos custos operacionais e assistenciais, como moradia e infraestrutura. A paciente é classificada como grau de dependência 3, "situação que exige cuidados integrais e contínuos." Boletim de ocorrência A família da idosa registrou boletim de ocorrência na Delegacia de Jaguariúna em 15 de outubro, para denunciar o episódio que teria ocorrido, possivelmente, entre os dias 9 e 10 do mês. Segundo o histórico, a paciente deu entrada na UPA e foi encaminhada ao hospital municipal no dia 3 de outubro, onde foi intubada. Consta que a idosa permanece intubada até o dia 8, sem intercorrências, e que manteve-se consciente e comunicativa nos dia 8 e 9, sem qualquer uso de sonda. No dia seguinte, narra a família, a idosa não estava mais consciente e que ao questionarem o médico, receberam a informação de que "o quadro vegetativo poderia ser consequência de medicações administradas". Foto da lesão na cabeça da paciente oito dias após a suposta queda na hospital municipal de Jaguariúna (SP) Reprodução/EPTV O boletim ainda traz que a idosa foi transferida de quarto, e que no processo a denunciante recebeu de uma enfermeira a informação de que ela havia sofrido uma queda na UTI. A declarante então teria solicitado uma conversa com o médico do plantão a respeito da possível queda, mas o mesmo não compareceu. Uma das filhas narra que ainda ouviu comentários de enfermeiros sobre a queda, quando observou o curativo na cabeça da mãe. O g1 pediu à Secretaria de Segurança Pública (SSP) informações sobre o registro, e se a Polícia Civil de Jaguariúna investiga o caso. A reportagem será atualizada assim que a pasta se manifestar. Sindicância no hospital Segundo a prefeitura de Jaguariúna, a Cisne, organização social responsável pela administração do Hospital Municipal Dr. Walter Ferrari, "instaurou uma sindicância interna para realizar uma análise minuciosa de todos os aspectos relacionados ao ocorrido". A administração destaca que tem oferecido suporte integral aos familiares. "A instituição reforça seu compromisso com a transparência, mantendo diálogo constante com os familiares e autoridades competentes, e permanece à disposição para quaisquer esclarecimentos necessários", diz a nota. Veja os vídeos que estão em alta no g1 VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região Veja mais notícias da região no g1 Campinas