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Como guerra de facções por 'território sem dono' revelou base de tráfico e armas do CV no interior de SP

Disputa entre facções eleva número de homicídios em Rio Claro A guerra entre facções pelo controle do tráfico em um "território sem dono" no interior de...

Como guerra de facções por 'território sem dono' revelou base de tráfico e armas do CV no interior de SP
Como guerra de facções por 'território sem dono' revelou base de tráfico e armas do CV no interior de SP (Foto: Reprodução)

Disputa entre facções eleva número de homicídios em Rio Claro A guerra entre facções pelo controle do tráfico em um "território sem dono" no interior de São Paulo, marcada pela disparada nas mortes violentas em Rio Claro (SP), revelou uma base do Comando Vermelho (CV) para armazenamento de drogas e armas em Hortolândia (SP). Investigações e documentos do Ministério Público (MP) aos quais o g1 teve acesso mostram que foi ao apurar essa disputa sangrenta entre Comando Vermelho e o Primeiro Comando da Capital (PCC) que uma chácara na região de Campinas apareceu como ponto estratégico do CV no interior de São Paulo. Um relatório de inteligência da PM apontou que a chácara era usada como ponto de parada entre Rio Claro e o Rio de Janeiro. O local foi alvo de mandado de busca e apreensão em março de 2025, quando policiais civis e miliares apreenderam 96kg de drogas, armas e dinheiro. Entre os entorpecentes, diversas embalagens traziam a inscrição "CV". 📲 Participe do canal do g1 Campinas no WhatsApp A propriedade pertence a Wilson Balbino da Cruz, conhecido como “Japonês” ou “JJ”, egresso do sistema prisional com antecedentes por roubo e formação de quadrilha. Ele já havia sido abordado em 2023 na companhia de “Bode”, identificado como chefe do CV em Rio Claro. Segundo documentos da promotoria, Wilson aliou-se a integrantes do CV e ocupava posição de confiança, exercendo a função de responsável pelo armazenamento de drogas, armas, munições e dinheiro no Estado de São Paulo, utilizando-se, para tanto, de sua chácara em Hortolândia. Veja a reportagem da EPTV, afiliada da TV Globo, divulgada na época: Mãe e filho são presos com drogas e armas em sítio em Hortolândia Disputa sagrenta A guerra pelo controle do tráfico em Rio Claro impulsionou a violência na cidade. Crimes de grande repercussão no fim de 2024 — como um quádruplo homicídio em novembro e uma execução dentro de um supermercado em dezembro — foram associados à disputa dessas facções. Guerra de facções: território sem 'dono' no tráfico, município de SP vira área de disputa do PCC com CV Segundo o relatório, as investigações identificaram Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto (“Bode”) como chefe do CV na região e Edvaldo Luís Lopes Júnior (“Grão”) como seu braço direito. O PCC teria decretado a morte de ambos, fazendo com que “Bode” fugisse para o Rio de Janeiro (RJ). Tráfico sem "dono" O Comando Vermelho comanda o tráfico em 24 dos 27 estados do Brasil. Em São Paulo, esse domínio é do PCC, embora em Rio Claro a facção não esteja consolidada como em outros municípios segundo a polícia. O g1 apurou que há pelo menos três razões centrais associadas à disputa por poder entre facções na cidade: Localização: Rio Claro está cercada por rodovias importantes que facilitam o escoamento de produtos do tráfico, como a Anhanguera, a Bandeirantes e a Washington Luís Histórico: é uma cidade onde historicamente o tráfico não tem um dono exclusivo Sem hegemonia: há ali uma fragilidade da facção dominante no estado, o PCC, que enfrenta conflitos, inclusive, com grupos locais menores Em Rio Claro, a fragilidade desse controle do tráfico, pulverizado por grupos que atuam isoladamente, criou novas alianças e rivalidades. Um desses 'grupos menores' é o 'Bonde do Magrelo', formado por dissidentes do PCC associados ao CV. Violência acima da média Homem é executado a tiros em supermercado de Rio Claro Rio Claro registrou, em 2025, 24 homicídios dolosos, sendo 8 execuções. Os números, da Secretaria de Segurança Pública de São Paulo, indicam um aumento de 26,3% em relação a 2024, e deixam o índice de assassinatos por 100 mil habitantes quase três vezes maior que a média do estado. Os 24 assassinatos correspondem a 11,92 homicídios a cada 100 mil habitantes. A média estadual até o momento é quase 4,09. A realidade tem gerado um clima de insegurança entre a população do município da região central do estado. A cidade também teve assassinatos acima da média estadual em 2024. Foram 32 homicídios dolosos, com uma taxa de 13,85 homicídios por 100 mil habitantes — mais que o dobro da média paulista (6,1). O índice acendeu um alerta entre as autoridades, destacando uma motivação peculiar em Rio Claro: a briga entre as facções criminosas. “Nós temos as motivações comuns, mas há também homicídios ligados a disputas de espaço e poder entre grupos criminosos”, explicou ao g1 o delegado seccional de Rio Claro, Paulo César Junqueira Hadich. Homem é executado em supermercado de Rio Claro Reprodução câmera de segurança O que dizem os envolvidos Ao g1, a defesa de Leonardo Calixto reiterou que o caso tramita sob segredo de Justiça e considerou improcedentes as acusações contra o cliente. A reportagem também procurou as defesas de Wilson Balbino da Cruz e de Edvaldo Luís Lopes Júnior, mas não obteve resposta até a publicação da notícia. Já o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do MP, não quis se pronunciar em relação às investigações. Leia íntegra da nota divulgada pela defesa de Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto: "O escritório Pedroso Advogados Associados, que patrocina a defesa de Leonardo Felipe Panono Scupin Calixto, esclarece que os procedimentos investigativos e processos criminais promovidos pelo Ministério Público do Estado de São Paulo encontram-se em segredo de justiça, o que impede qualquer manifestação específica sobre os eventos neles tratados, assim como sobre relatórios policiais e documentos sigilosos produzidos na investigação. Nada obstante, faz-se consignar serem absolutamente improcedentes as imputações criminais deduzidas pelo parquet, o que restará cabalmente demonstrado nas ações penais, através dos meios de prova admitidos". Disputa entre facções aumenta número de homicídios em Rio Claro Edição nossa/ Reprodução de câmera de segurança VÍDEOS: Tudo sobre Campinas e região qu, a fragilidade desse controle do tráfico, que lá é pulverizado por grupos u, cria novas alianças e rivalidades. Um destes grupos menores é o 'Bonde do Magrelo' Veja mais notícias da região no g1 Campinas